Geração Estrutural de Investimentos |
Renato
Augusto Pontes Cunha |
O Governo Federal criou em 21 de outubro passado, através de Decreto do Presidente da República, um Grupo Interministerial, com a finalidade de, num prazo de até 120 (cento e vinte) dias, analisar a situação sócio-econômica do setor sucroalcooleiro do Nordeste. O setor prepara-se para moer, na safra em curso, atual, aproximadamente 19 (dezenove) milhões de toneladas, quantidade superior em 46% ao volume da inflexão em 99/00 e maior do que a média de 18,5 milhões de toneladas dos últimos 20 (vinte) anos. No quesito bioeletricidade – ou térmicas de Biomassa, assim como nas pequenas centrais hidrelétricas – os investimentos dos últimos 5 (cinco) anos são superiores a R$ 30 (trinta milhões de reais), notadamente após o período do apagão de 2001. Por outro lado, estima-se que apenas em manutenção programada das nossas indústrias – ou apontamento industrial e adaptação de versatilidade de processo industrial para linha de açúcar VHP – foram investidos cerca de R$ 130 milhões na última entressafra. Acrescente-se a esses valores despesas com mão-de-obra, insumos industriais, fundações/renovações de lavouras, assim como tratos culturais de canaviais que deixamos, agora, de mensurar. Apenas no quesito fertilizantes agrícolas são empregados mais de R$ 120 milhões em cada ano-safra. Tais números demonstram que o setor sucroalcooleiro é o maior investidor privado e permanente da economia de Pernambuco, injetando renda líquida que garante e assegura emprego, e conseqüente remuneração, a mais de 500.000 pessoas (direta e indiretamente). Além disso, o segmento é grande consumidor de chapas, perfis, vigas, cantoneiras, rolamentos, gachetas, soldas, cimentos, tijolos, tubulações, bombas hidráulicas, motores e materiais elétricos, peças de caminhões e tratores, implementos agrícolas, pneus, lubrificantes, combustíveis, caldeiraria, informática, transporte de produtos finais, etc do Estado, o que ancora fluxos tributários, de emprego e de renda na nossa economia. Essa é a razão, por exemplo, pela qual o estaleiro da Camargo Correia estará também sendo implantado em Suape. Porque , além de motivos de natureza logística e operacional, existe em Pernambuco um pólo comercial de produtos siderúrgicos, com tradicionais empresas fornecedoras de materiais ao nosso parque industrial e que se tornarão supridoras da nova indústria naval do Estado. O açúcar, o álcool e os derivados da cana são produzidos em mais de 120 países e consumidos por milhões de pessoas e inúmeros automóveis em todo o mundo, razão pela qual o vigor de suas cadeias produtivas é tanto ou até mais estratégico e relevante do que os eventuais possíveis acréscimos, pontuais, de valores agregados, obtidos nas vendas dos produtos finais. O ideal é o que vem sendo perseguido pelas unidades produtoras de Pernambuco, tentando alavancagem de eficiente balanceamento entre maiores valores agregados de vendas, controle de estabilidade de custos de produção, verticalização da produção e aprimoramento sócio-ambiental nos elos da cadeia produtiva.
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Presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do
Álcool no Estado de Pernambuco - SINDAÇÚCAR (rcunha@sindacucar.com.br) |