A ERA DAS ENERGIAS LIMPAS

Renato Augusto Pontes Cunha*

O Brasil apresenta 16% de sua matriz Energética com origem em fonte limpa, qual seja; a cana-de-açúcar, vegetal que produz açúcar, bioeletricidade a partir de seu bagaço e o Etanol combustível, renovável, exatamente porque reabsorve CO2 causador do efeito estufa, o grande degradador do meio-ambiente.

Os Estados Unidos da América utilizam apenas 3% de sua matriz com base no etanol, porém, originado do milho, o que causa desequilíbrios na segurança alimentar daquele País e até no Mercado Global dos cereais.

O Ar Limpo, nas grandes cidades brasileiras é uma realidade, desde que o etanol passou a ser distribuído nos nossos veículos, fato que é admirado por muitos outros países. Os usos do anidro na mistura da gasolina nacional e o hidratado, diretamente utilizado nos carros Flex, constituem benefícios ambientais expressivos para o nosso País. A própria fumaça da queima do etanol é desprovida de benzeno, fenômeno diametralmente oposto á queima do diesel, com qualidade sofrível e que o Governo Federal, paradoxalmente, prorrogou até 2012, sua atual composição e readequação, vigindo ainda com mais de 500ppm partículas por milhão de enxofre, quando na Europa obedece ao teto de 50 ppm. Assim, teremos que conviver com as propriedades e efeitos maléficos do citado óleo, por mais cerca de quatro anos, recrudescendo os riscos de doenças respiratórias, principalmente nos grandes aglomerados urbanos.

Estudos técnicos comprovam que o Etanol evita cerca de 53 milhões de toneladas de CO2 no nosso país, comparando-se com a supressão do uso da gasolina, impacto ambiental extremamente favorável, significando emissões, anuais, similares a um país como a Suécia, aliás, com consciência ambiental bastante evoluída, tornando-se importadora contínua de etanol Brasileiro.

Na Semana de 17 a 21 do corrente, o governo Federal brasileiro sediará em São Paulo, um Seminário Internacional de Biocombustíveis, inclusive com abertura por parte de nosso Presidente da República e com todos os países membros da ONU presentes. Haverá assim, a chance de darmos o devido relevo á sustentabilidade dos combustíveis limpos, bem como, a oportunidade de enfrentarmos as Barreiras, ora em gestação, instaladas no dito primeiro mundo, barreiras que vêm impingindo óbices de circulação, à melhor competitividade de nosso etanol, no que se refere à estruturação de um mercado internacional de Biocombustíveis, mais multilateral, transparente e sustentável.

Durante o aludido encontro internacional, as comunidades acadêmica e científica discutirão também as especificações dos produtos, não só sob o ponto de vista das características físico-químicas, mas também, envolvendo boas práticas de fabricação e melhores condições de trabalho do homem. Aliás, regras que defenderemos venham a ser aplicadas, não só para a cana-de-açúcar, mas também para os biocombustíveis, oriundos de outras matérias-primas, tais como;  beterraba, cevadas, cereais, milho, oleaginosas e etc. Deverão ser regras Erga-Omnes (para todos), o que tentará favorecer um mercado livre mundial, com menos distorções, onde as barreiras, quer tarifárias, quer de outra origem sejam afastadas em favor de um equilíbrio mais justo entre os atores dos mercados nas relações internacionais de comércio exterior. Afinal, as ausências de regulamentações, ou suas atrofias, vêm causando às economias dos países os efeitos propulsores das crises, sistêmicas, ora instaladas e extremamente perversas às qualidades de vida dos consumidores globais. 

Confiamos que o envolvimento de todos os países é fundamental, para não se repetir, por exemplo, o Protocolo de Quioto, até hoje sem adesão da China e dos Estados Unidos, dois dos maiores poluidores do globo, com compromissos de redução de seqüestros de carbonos, ocorrendo apenas de forma oblíqua e lastreados, sobretudo, em retóricas e boas intenções.

   

Renato Augusto Pontes Cunha

* Presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco - SINDAÇÚCAR
(rcunha@sindacucar.com.br)