PROGRAMA DE MELHORAMENTO GENÉTICO DA CANA-DE-AÇÚCAR

Renato Augusto Pontes Cunha*

O SINDAÇÚCAR e a Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, desde a quebra da tutela governamental, através da extinção do Instituto do Açúcar e do Álcool em 1990, vêm empreendendo parcerias, científicas, na antiga estação de cana-de-açúcar do IAA/PLANALSUCAR, tendo o nosso Sindicato participado, desde o início dos anos 90 (noventa), durante 5 (cinco) anos de um Convênio de có-gestão na EECAC – Estação Experimental de Cana-de-Açúcar do Carpina, que conjuntamente com a Estação de Florescimento e Cruzamentos de Serra do Ouro em Murici - Alagoas, ambas, constituem os celeiros genéticos dos cruzamentos de canas do Nordeste, gerando novas variedades da sigla RB (República do Brasil), e introduzindo cultivares de outros centros produtores, no país e de outros países produtores de cana-de-açúcar, adaptadas às condições nordestinas. A Estação, pertencente a UFRPE faz parte da RIDESA - Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento Sucroalcooleiro, que engloba também, a UFAL (Alagoas), UFS (Sergipe), UFV (Viçosa-MG), UFRRJ (Rio de Janeiro), UFSCAR (São Carlos-SP), UFPR (Paraná) e UFG (Goiás), rede que conduz o PMGCA – Programa de Melhoramentos Genético da Cana-de-Açúcar no Brasil.
Em Carpina, o Convênio de có-gestão já evoluiu, e, a partir de 1998 o SINDAÇÚCAR ampliou novas parcerias com a Universidade diretamente via modalidade, EMPRESA/PMGCA, consolidando o Programa de Melhoramento Genético com cerca de 25 usinas, destilarias e Entidades de Classe, espalhadas em Pernambuco (17), Paraíba (6) e Rio Grande do Norte (2). No ano de 2005, a equipe coordenada pelo Professor, Dr. Djalma Euzébio Simões Neto, lançou com êxitos no mercado sucroalcooleiro 5 novas variedades de canas, da família RB desenvolvidas em Pernambuco e ainda 2 variedades RB introduzidas no nosso estado pela UFRPE, originárias, respectivamente de Minas Gerais e Alagoas, todas estudadas e direcionadas cientificamente para as condições de solo e clima, com características apropriadas ao clima do Nordeste o que garante brotação, perfilhamento e teor de sacarose adequados. São variedades resistentes a doenças como escaldadura das folhas e ferrugem. Apresentam também morfologia adequada, incrementando a produtividade agrícola de nossos canaviais, inclusive com busca por teores de fibras mais baixos, tudo no interesse da otimização dos níveis de produtividade das regiões agrocanavieiras de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. A pesquisa universitária, em parceria com a iniciativa privada vem se constituindo em eficaz estratégia para o melhoramento genético dos cultivares de canas mais apropriados e com melhor rendimento agrícola, consolidando esta PARCERIA PÚBLICO PRIVADA iniciada na década passada e resultando em variedades com respostas próximas de 90 toneladas por hectare nas primeiras folhas (cana planta) o que começa a atestar que a produtividade do Nordeste pode sofrer aproximações com aquelas obtidas nas terras planas do Centro-Sul, comumente com médias de toneladas/hectare de mais de 80 toneladas vis-a-vis a média nordestina de 61 toneladas por hectare. O esforço contínuo de pesquisa, inclusive com avanços em fertirrigação, que é focado na otimização do uso agrícola da vinhaça, bem como em estudos de solos com análise na Estação e recomendação de adubação com correção das áreas a serem plantadas, além de Pesquisas e Monitoramento em Fitossanidade é o caminho para a aproximação entre as produtividades das 2 (duas) macro-regiões canavieiras, ou sejam; Norte-Nordeste, responsável por cerca de 13% do total de canas do país e Centro-Sul que responde por 87% sendo aproximadamente 70% concentrados só no estado de São Paulo.    
A Estação do Carpina é então fornecedora inclusive de recomendações e de material genético para a produção das mudas nas Biofábricas da região, a partir do uso de ápices meristemáticas oriundas dos pontos de crescimento das canas (meristemas). Não existe significado na existência de Biofábricas para multiplicação de mudas de novas variedades, sem parceria com um Programa de Melhoramento Genético regional para produzir novas variedades e recomendar o manejo. Os controles biológico e/ou químico de pragas que são desenvolvidos pela Estação da UFRPE, vêm garantido qualidade entomológica e fitopatológica das sementes.
Pretendemos assim, continuar solidificando a integração entre empresas sucroalcooleiras e Universidade como forma de perpetuar o conhecimento especializado no nosso segmento dentro do ambiente acadêmico, na certeza de que a inovação será uma constante em nossos dia-a-dia, nas rotinas dos empreendimentos agroindustriais da região.

* Presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco - SINDAÇÚCAR
(rcunha@sindacucar.com.br)