Refinaria General Abreu e Lima

Renato Augusto Pontes Cunha*

A notícia da implantação da Refinaria General Abreu e Lima suscita a esperança de numa nova era de desenvolvimento para Pernambuco. De fato, os investimentos destinados a esse empreendimento, da ordem de mais de US$ 2,5 bilhões de dólares norte-americanos, durante os próximos quatro anos, acarretarão geração direta e indireta de mais de 25.000 empregos, além da refinação, destilação e craqueamento de óleos oriundos de Marlim, em Campos-RJ, e da região venezuelana de Orenoco. Assim, Pernambuco ingressará no século XXI dando, mais uma vez, sua contribuição à solução de nossa equação energética.

O etanol anidro que tem como matéria prima nossa cana-de-açúcar, com graduação superior a 99° GL (Gay Lussac), é produto limpo e renovável que será adicionado, pela lei brasileira, em percentual de 25% + ou – 1% à gasolina a ser produzida em Suape, conforme ocorre em outras refinarias do país. Em contrapartida, a Venezuela, através de sua estatal de petróleo, a PDVSA, sócia do novo empreendimento, poderá importar, num futuro próximo, inclusive, gasolina produzida em Pernambuco já devidamente misturada ao etanol anidro, como inclusive já fez com importação de etanol anidro do Estado de São Paulo.
Pernambuco contará com um diferencial importante no entorno de sua refinaria: um pólo sucroalcoquímico susceptível de viabilizar a mistura de gasolina e etanol anidro, bem como de etanol, óleo vegetal e diesel no caso do Biodiesel, tornando ambientalmente mais adequados os produtos que têm origem no petróleo. Além disso, vários desdobramentos importantes ocorrerão em nossa matriz industrial. O pólo metal-mecânico, implantado para fornecimento de insumos siderúrgicos às usinas e destilarias do Estado ganhará novo impulso. Também o setor da construção civil e as empresas de montagem descobrirão novas dinâmicas de mercado, tanto no período de construção, como no de operação da refinaria. Outros arranjos produtivos se consolidarão, através da terceirização de variada gama de serviços. E o transporte de combustível de Pernambuco para Estados consumidores – dentro dos padrões da ANP (Agência Nacional do Petróleo) – possibilitará redução dos custos que tanto oneram os preços da gasolina “C”. Atualmente, por exemplo, um grande Estado consumidor de gasolina “C” é obrigado a importar gasolina “A” e etanol separadamente, incorrendo em custos elevados para a obtenção das misturas especificadas pelos padrões da Agência Nacional de Petróleo (gasolina “C”).
O pólo energético de Pernambuco começa a ser realidade. Aproximará produção e refino do consumo de combustíveis, gerará economia de frete e logística, e dará novo desenho à nossa matriz energética.
O equilíbrio sócio-econômico da região Nordeste requer investimentos que entrelacem arranjos produtivos, melhorando o acesso à cidadania e eliminando a exclusão social. Os governos que investiram nesses 30 (trinta) anos em SUAPE dotaram nosso Estado não só de complexo portuário, com excelente logística, mas de uma estruturada plataforma industrial conectada a porto atlântico de calado internacional.  Os dois Governos Jarbas coroaram o complexo com a internacionalização requerida para a elevação do patamar de negócios que Pernambuco merece, sobretudo pela histórica ousadia e determinação de seu povo.

E, acima de tudo, Pernambuco dá também passo decisivo na política de integração do nosso Continente, consolidando um fluxo de comércio internacional com os Países andinos, a exemplo do que faz o Centro-Sul do Brasil na órbita do Mercosul.
* Presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco - SINDAÇÚCAR
(rcunha@sindacucar.com.br)